quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Primavera, flores da moda

Os festivais são famosos e populares em vários locais do mundo. Bastante apreciados por todos, são comuns no Brasil, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Jasmins, orquídeas e crisântemos, flores das mais variadas espécies e origens, que, numa explosão de perfume e cores, tocam a sensibilidade até dos corações mais empedernidos. Esses festivais, que hoje servem para exaltar a capacidade profissional, o conhecimento técnico, a paciência e o talento de seus cultivadores, possuem raízes que se perdem no tempo.

E assim anunciada, a primavera aparece de súbito, espalhando suas flores, em uma profusão de cores e perfume, à venda em cada esquina. Esta época de renovação inspira estilistas que, com criativas e estilizadas estampas florais, transformam vitrines em templos de adoração à vida que se renova. As várias espécies de flores possuem origens divinas, originando-se do sangue de heróis mortos, das lágrimas de amantes abandonados, de passadas de deuses e de criaturas míticas como fadas e duendes.
Desde os tempos da antiga Roma e mesmo nas culturas pagãs, milhares de anos antes, as primeiras flores da estação possuíam um significado muito mais místico do que podemos imaginar. Não apenas enfeitavam altares de deuses e deusas, como também, por todo o mundo, eram consumidos como delicados quitutes que enriqueciam o sabor dos pratos, acrescentando um toque divino à comida do homem.
Ainda hoje é possível encontrar restaurantes que praticam esta antiga arte milenar, oferecendo a oportunidade de experimentar o delicado sabor de rosas, calêndulas, amores-perfeitos e nastúr-cios, em pratos saborosos e sofisticados. São vários os endereços, em São Paulo, onde é possível provar pratos com pétalas de diversas espécies de flores. São saladas, doces, vinagres aromatizados ou apenas como decoração.
Porém mais que suas origens divinas e qualidades místicas, na realidade era a praticidade de seu uso como linguagem que encantava todos os que com ela estavam familiarizados. São as vozes de azaléias, begônias, cravos e camélias, entre tantas outras flores maravilhosas e coloridas. Dessa maneira, as mensagens poderiam permanecer secretas, sendo uma maneira discreta e sem comprometimentos de transmitir sentimento, caso fossem interceptadas antes de chegarem ao seu destino.Hoje, pouco se sabe sobre esta linguagem perfumada e colorida, mas sempre é bom compreender o que cada uma de nossas flores preferidas está dizendo. Principalmente, ao vestirmos estampas delicadas ou exuberantes, como as quem enfeitam as roupas de mercados de pulgas como o da Praça Benedito Calixto, em São Paulo.

* Patrícia Douat Garcia é pesquisadora da psicodinâmica das cores nas sociedades orientais e no período medieval.

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